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Cuidados com mochilas escolares

O peso em excesso pode dar origem a danos vitalícios, sobretudo comprometer a qualidade de vida e a mobilidade futura.
Os males mais comuns do excesso de peso são a cifose e a lordose (desvio para cima no final da coluna). Uma referência essencial é que o peso da mochila nunca deve ultrapassar o equivalente a 10% do peso da criança ou adolescente. O percentual determinado pela OMS é de 7%, mas arredondo para ficar mais fácil e também para o caso de surgir algo a mais para carregar.
Já pela história as mochilas adotaram diferentes formas e tamanhos. Há registros de que na Idade do Cobre o homem já utilizava uma bolsa rudimentar nas costas e ficava com as mãos livres para escalar montanhas nevadas da Europa. Há informações também de que, antes mesmo do nascimento de Cristo, as mochilas eram usadas pelas legiões romanas. Quase dois milênios mais tarde, exércitos ainda usam o equipamento tático para facilitar o cotidiano de seus pelotões. Passado o tempo, o couro e os tecidos de fibras naturais do acessório militar deram lugar a modernos materiais sintéticos e a múltiplas cores. Aprovada pelas novas gerações por sua utilidade e praticidade, desde a década de 1960, a mochila virou item de moda. A garotada deseja determinados modelos e marcas para carregar daquele jeito despojado que a turma acha mais bacana. Entre as crianças, a preferência é sobre estampas dos personagens favoritos.
Modismos à parte, a escolha da mochila certa é fundamental para a saúde da coluna. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 85% das pessoas sentem dores nas costas decorrentes de problemas na coluna. E essa dor pode ter origem na infância e na adolescência, relacionada ao tamanho exagerado da mochila, à maneira como se carrega e ao excesso de peso.
A mochila inadequada pode acarretar problemas à saúde. Para enumerar apenas alguns “efeitos colaterais” de uma mochila errada, cito dores nas costas, postura incorreta e desvios na coluna vertebral. Em curto prazo, a pessoa pode ter dorsalgia, que são dores nas costas que podem provir de músculos, nervos, ossos, articulações ou outras estruturas da coluna vertebral. Pode também ocorrer à dor cervical, na nuca ou no pescoço e a dor lombar baixa, próxima à cintura. Outras ocorrências possíveis são: cefaléia (dor de cabeça), dor nos ombros e dormência ou dores nos braços. Em longo prazo, a pessoa pode desenvolver discopatias (patologias em discos intervertebrais, naturalmente sujeitos a desgastes) e cifoses (aumento da curvatura da coluna torácica, popularmente conhecida como corcunda).
O risco apresentado pelas mochilas não reside apenas no volume, mas na forma como são utilizadas. Um dos erros mais frequentes acontece quando o estudante coloca apenas uma das alças sobre o ombro e sobrecarrega um só lado do corpo. A maneira correta é usar as duas alças, uma em cada ombro. Além disso, é preciso arrumar os objetos dentro da mochila de forma que os itens mais pesados estejam no fundo e próximos ao corpo.
A técnica para colocar e retirar a mochila das costas é vestir uma alça, apoiar a mochila no quadril e depois passar o braço pela outra alça. Levantar a mochila do chão requer um esforço, então, cuidado para não sobrecarregar a coluna nem um dos braços apenas. Suspenda o peso com as duas mãos, para distribuir a carga entre os dois braços, mantendo a coluna reta e os joelhos flexionados o quanto for necessário.
No que se refere ao modelo mais adequado para as crianças pequenas são recomendadas as mochilas com rodas grandes, que rolam melhor em qualquer terreno e são mais fáceis de puxar nas escadas.
Observações importantes:
1. o tamanho da mochila deve ser adequado à estatura da criança, não ultrapassando os limites da cintura e dos ombros;
2. o peso da mochila vazia não deve superar um quilo;
3. as alças devem ter antichoques siliconados (enchimento interno de silicone) para maior conforto e cinta abdominal associada.

Outro ponto relevante é o uso racional do material escolar. Os estudantes tendem a levar material que não precisam pela preguiça de arrumar diariamente a mochila apenas com livros e cadernos correspondentes às aulas do dia. Nesse caso, a minha sugestão é que as escolas pensem no modelo americano, no qual há divisões especiais das matérias diárias ou armários para que os alunos guardem alguns materiais escolares. Além disso, o planejamento das aulas pode evitar que em um único dia da semana o aluno tenha que levar materiais de disciplinas diversas. A escola e pais ou responsáveis precisam ficar atentos para evitar que a criança carregue peso excessivo. Uma solução pode ser utilizar malas com rodinhas.